Sempre que nos deparamos com notícias sobre crimes bárbaros e cruéis que, de alguma forma envolvem crenças, satanismo ou coisas do gênero, há uma tendência popular em atribuí-los a alguma manifestação da "loucura". Imediatamente a psiquiatria é questionada sobre qual eventual tipo de doença mental estaria em jogo.
A primeira questão a ser esclarecida é sobre a vocação popular em considerar louca a pessoa que opta por alguma seita satânica. Quando procuramos na internet páginas que fazem referência ao satanismo, em português encontramos em torno de 5.500 delas, 4.000 em italiano, 7.400 em espanhol, 78.500 em inglês e assim por diante. Faça o teste você mesmo e digite a palavra nos principais mecanismos de busca.
O segundo tópico importante a ser considerado é sobre a negação cultural de características próprias da natureza humana, normalmente envolvidas na questão religiosa, tomando erroneamente por doença atributos próprios da espécie. Há uma tendência cultural em suspeitar de doença as atitudes que acabam resultando na morte de pessoas.
Talvez seja mais correto, cientificamente falando, considerar a doença sob o ponto de vista cultural e, em seguida, sob a ótica do sofrimento e, finalmente, de acordo com os estados onde a consciência esteja prejudicada, preferentemente nessa ordem. Se não fosse nessa ordem, ou seja, se negássemos os aspectos culturais, correríamos o risco de considerar doença os milhões de estados de transe, onde há severo prejuízo do estado de consciência, que se observam em determinadas culturas.
E entre os egoístas seres humanos, existem sempre aqueles um pouco mais egoístas. Existem aqueles que, em não tendo suas ambições atendidas por si mesmos, porque isso demanda competência, dedicação, esforço próprio, determinação..., e por não serem atendidos também por um Deus desejavelmente atuante e participativo, optam por negociar com outras entidades mais fáceis, menos exigentes e mais fisiológicas. Ora, essa tendência em lavar vantagem e procurar alguém para fazer por eles não pode, de maneira nenhuma, caracterizar uma doença mental..
O que nos confunde é que, sociologicamente falando, as atitudes humanas são argüidas sob a ótica do comum e desejável como requisitos de normalidade, ou seja, como se diz vulgarmente, "bater na mãe e arrotar na primeira comunhão" só podem ser atitudes de pessoas endemoniadas. O mesmo se pensa em relação às barganhas (como as promessas dos cristãos) de pessoas satânicas.
O sacrifício no satanismo, que pode acabar em crime ou assassinato, reflete também uma barganha em clara intenção de benefício do proponente, portanto, sem necessariamente vestígio algum de insanidade. Normalmente o perpetrante de crimes satânicos sabe sim, e muito bem, discernir o certo do errado, sabe a natureza de seu ato e tem noção das leis.
Por outro lado, assim como existem doentes mentais nas artes, na militância política, entre militares, médicos, advogados, religiosos, etc... também existem doentes mentais entre pessoas que se comportam satanicamente. Portanto, em havendo Doença Mental, que tipo seriam elas? Ou melhor dizendo; quais as eventuais doenças mentais que favoreceriam o desenvolvimento de atitudes satânicas?
Em próximos posts, acrescentarei o restante do artigo que irá tratar ainda sobre Crimes Satânicos; Personalidade Múltipla e Crimes Esotéricos; Rock (ou cultura) e Crimes Esotéricos; Seitas, Crenças e Crimes Esotéricos.
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Ballone GJ, Moura EC - Crimes Esotéricos - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.
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