24 de set. de 2009

Crimes Esotéricos - Parte I

 
Sempre que nos deparamos com notícias sobre crimes bárbaros e cruéis que, de alguma forma envolvem crenças, satanismo ou coisas do gênero, há uma tendência popular em atribuí-los a alguma manifestação da "loucura". Imediatamente a psiquiatria é questionada sobre qual eventual tipo de doença mental estaria em jogo.

A primeira questão a ser esclarecida é sobre a vocação popular em considerar louca a pessoa que opta por alguma seita satânica. Quando procuramos na internet páginas que fazem referência ao satanismo, em português encontramos em torno de 5.500 delas, 4.000 em italiano, 7.400 em espanhol, 78.500 em inglês e assim por diante. Faça o teste você mesmo e digite a palavra nos principais mecanismos de busca.



Ora, seria muita pretensão da medicina psiquiatrizar toda essa população pelo simples fato de discordarem dos princípios religiosos tradicionais do mundo cristão, budista, muçulmano, etc. Não podemos, de forma alguma, psiquiatrizar as pessoas que não comungam a mesma crença religiosa ou mesma ideologia política tradicional do sistema. Se assim fosse, seria manifestação de loucura um cristão vivendo na China, onde existem mais de um bilhão de budistas, ou um muçulmano em auto-flagelação em nosso meio, tradicionalmente cristão e coisas parecidas.

O segundo tópico importante a ser considerado é sobre a negação cultural de características próprias da natureza humana, normalmente envolvidas na questão religiosa, tomando erroneamente por doença atributos próprios da espécie. Há uma tendência cultural em suspeitar de doença as atitudes que acabam resultando na morte de pessoas.

Talvez seja mais correto, cientificamente falando, considerar a doença sob o ponto de vista cultural e, em seguida, sob a ótica do sofrimento e, finalmente, de acordo com os estados onde a consciência esteja prejudicada, preferentemente nessa ordem. Se não fosse nessa ordem, ou seja, se negássemos os aspectos culturais, correríamos o risco de considerar doença os milhões de estados de transe, onde há severo prejuízo do estado de consciência, que se observam em determinadas culturas.


Um dos aspectos da natureza humana em questão é a perene característica do ser humano em conduzir sua vida, desde o nascimento até a morte, sob os princípios da barganha. Ele, o ser humano, concebeu Deus com o principal propósito de protege-lo, conforta-lo e impulsiona-lo corajosamente para a vida. É difícil ao cidadão comum entender um deus que se dedique à proteção e cumplicidade com, digamos, seu vizinho. Um deus que exista também para proteger e abençoar seus inimigos. "Se Deus existe, Ele haverá de proteger a mim e minha família, dar-me oportunidades e iluminar meu caminho.... O vizinho, ora o vizinho... Ele que encontre o deus dele..."


O exercício da bondade, fraternidade, humildade, honestidade, retidão moral e toda sorte de atitudes pretensamente honrosas, e que não são, de forma alguma, naturalmente fisiológicas ao ser humano comum, têm como objetivo, primeiro a reciprocidade, ou seja o desejo de que procedam assim também comigo e, em segundo lugar, que me garanta um lugar especialmente confortável no céu, se na terra eu não conseguir mais nenhuma vantagem com tudo isso de bom que eu sou.

E entre os egoístas seres humanos, existem sempre aqueles um pouco mais egoístas. Existem aqueles que, em não tendo suas ambições atendidas por si mesmos, porque isso demanda competência, dedicação, esforço próprio, determinação..., e por não serem atendidos também por um Deus desejavelmente atuante e participativo, optam por negociar com outras entidades mais fáceis, menos exigentes e mais fisiológicas. Ora, essa tendência em lavar vantagem e procurar alguém para fazer por eles não pode, de maneira nenhuma, caracterizar uma doença mental..

O que nos confunde é que, sociologicamente falando, as atitudes humanas são argüidas sob a ótica do comum e desejável como requisitos de normalidade, ou seja, como se diz vulgarmente, "bater na mãe e arrotar na primeira comunhão" só podem ser atitudes de pessoas endemoniadas. O mesmo se pensa em relação às barganhas (como as promessas dos cristãos) de pessoas satânicas.

O sacrifício no satanismo, que pode acabar em crime ou assassinato, reflete também uma barganha em clara intenção de benefício do proponente, portanto, sem necessariamente vestígio algum de insanidade. Normalmente o perpetrante de crimes satânicos sabe sim, e muito bem, discernir o certo do errado, sabe a natureza de seu ato e tem noção das leis.

Por outro lado, assim como existem doentes mentais nas artes, na militância política, entre militares, médicos, advogados, religiosos, etc... também existem doentes mentais entre pessoas que se comportam satanicamente. Portanto, em havendo Doença Mental, que tipo seriam elas? Ou melhor dizendo; quais as eventuais doenças mentais que favoreceriam o desenvolvimento de atitudes satânicas?

Em próximos posts, acrescentarei o restante do artigo que irá tratar ainda sobre Crimes Satânicos; Personalidade Múltipla e Crimes Esotéricos; Rock (ou cultura) e Crimes Esotéricos; Seitas, Crenças e Crimes Esotéricos.


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Ballone GJ, Moura EC - Crimes Esotéricos - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.

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