25 de set. de 2009

Crimes Esotéricos - Parte II


Crimes Satânicos


Em algumas ocasiões, o fascinante e desconhecido mundo do esoterismo pode converter-se num terreno escorregadio, atraente e perigoso para todas aquelas pessoas que se deixam influenciar pelo lado obscuro do comportamento humano e pelas possibilidades fantasiosas de sucesso fácil.

A sociedade, ao longo de sua história, tem registrado uma grande quantidade de crimes e homicídios de assustadora crueldade e propósitos torpes relacionados à crenças religiosas. Devemos pensar nesses crimes sob 2 pontos de vista; primeiro, devemos avaliar se eles não satisfazem aspectos de uma natureza humana destrutiva, ambiciosa e cruel (vide Estado Natural do Homem de Thomas Hobbes). Só depois disso, devemos ver se eles não refletem uma insanidade que encontrou no fanatismo religioso vazão às fantasias e aos delírios da doença.

A dinâmica desses crimes é variável, refletindo desde pretensas inspirações divinas, esdrúxulas influências diabólicas, espiritistas ou extraterrestres, até estranhos rituais com propósitos exclusivamente hedonistas ou egoisticamente interesseiros, resultando em brutais assassinatos, algumas vezes em massa.

Não são incomuns também os fanáticos idealistas que não titubeiam em sacrificar a própria vida ou a de seus seguidores por convicções extremas e absurdas. Existem ainda os pseudoexorcistas com conceitos alterados da realidade, onde sua obsessão em acabar com um mal ou liberar um corpo supostamente possuído por espíritos, vampiros e diabos, acabavam promovendo torturas, agressões e mesmo assassinatos. É de se perguntar se, às vezes, essas pessoas não estariam extravasando suas próprias inclinações sádicas nos exorcismos com agressões físicas.

Sempre existiram grandes quantidades de denúncias sobre "seitas satânicas", supostamente implicadas em todo tipo de delitos, desde macabros assassinatos rituais, profanações, tráfico de drogas, prostituição, etc. A figura do demônio tem servido à todo tipo de aberração da personalidade ou como bode (e bode é do diabo) expiatório das psicopatias e sociopatias.

Assim, casos tão dramáticos como o do Albaicím ou o de Almansa, onde uma mulher e uma menina morreram depois de serem ambas submetidas à selvagens "exorcismos" procedidos por crença cristã. Convencionalmente os crimes ainda serão chamados de satânicos, mesmo quando, na realidade, foram cometidos em nome de Deus, certamente por não existirem crimes chamados divinos.


Personalidade Múltipla e Crimes Esotéricos


Uma divisão didática das condições associadas aos crimes esotéricos é a que se segue:


As alterações psíquicas bastante envolvidas com crimes esotéricos e/ou satânicos são o Transtorno de Personalidade Múltipla (Personalidade Dupla, etc) e o Transtorno de Transe e Possessão, a primeira preconizada pelo CID.10 e a segunda pelo DSM.IV. De qualquer forma, seja o primeiro ou o segundo nome, esse estado patológico está sempre atrelado ao comportamento histérico e dissociativo.

Pelo CID-10 o Transtorno de Transe e Possessãoé caracterizado por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados.



Exclui-se desse diagnóstico os casos decorrentes do contexto cultural ou religioso da pessoa, como por exemplo, o transe que a pessoa experimenta durante uma sessão espírita, de umbanda, etc.

O Transtorno de Personalidade Múltipla (atualmente melhor designado Transtorno Dissociativo de Identidade, DSM.IV) tem como característica essencial a presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos, que recorrentemente assumem o controle do comportamento da pessoa.

No Transtorno de Personalidade Múltipla clássico e típico existe uma incapacidade de recordar informações pessoais importantes, cuja extensão é demasiadamente abrangente para ser explicada pelo esquecimento normal. Psicopatologicamente, o Transtorno Dissociativo de Identidade reflete um fracasso em integrar vários aspectos da identidade, memória e consciência. Cada estado de personalidade pode ser vivenciado como se possuísse uma história pessoal distinta, auto-imagem e identidade próprias, inclusive um nome diferente.



Em geral existe uma identidade primária, portadora do nome correto do indivíduo, a qual é passiva, dependente, culpada e depressiva. As identidades alternativas com freqüência têm nomes e características diferentes, que contrastam com a identidade primária (por ex., são hostis, controladoras e autodestrutivas). Identidades hostis ou agressivas podem, por vezes, interromper atividades ou colocar as outras em situações incômodas.



Os indivíduos com este transtorno experimentam freqüentes lacunas de memória quanto sua história pessoal, tanto remota quanto recente. A amnésia freqüentemente é assimétrica. Pode haver perda de memória não apenas para períodos recorrentes de tempo, mas também uma perda geral da memória biográfica para algum período extenso da infância. As transições entre as identidades freqüentemente podem ser ativadas pelo estresse psicossocial, pela ansiedade exagerada, pela tensão pré-menstrual.



Em geral, as pessoas que recebem o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Múltipla já passaram pelo menos sete anos no sistema de saúde mental. Segundo várias pesquisas sobre estes pacientes, 90% deles são depressivos, 61% fizeram sérias tentativas de suicídio, e 53% têm uma história de abuso significativo.



A cultura, através da mídia, da literatura e do folclore forneceu modelos de personalidades alternantes para as mais diversas aspirações histéricas, desde Mr. Spock, Tartarugas Ninjas, pomba Gira, até os mais pervertidos demônios, vampiros e lobisomens.



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Ballone GJ, Moura EC - Crimes Esotéricos - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2008.
Imagens retiradas de:

1 comentários:

Stephanie C. de Mello disse...

Uau!

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